31 agosto 2009

11 de Junho: Isaba - Roncesvalles, 76 km




Manhã fresca mas com sol. Primeiras duas subidas por estrada ao Puerto de Laza e ao Collado Olokia. Depois iniciámos uma descida por uma pista excelente que entrava no bosque de Irati, uma das partes mais bonitas desta travessia. Após atravessar um rio recomeçámos a subir, continuando por uma pista larga e em bom estado, até atingirmos o terceiro pico do dia acima dos mil metros de altitude.
Passámos pela barragem de Irabia, subimos ao Coll de Orion por uma pista cimentada, contando encontrar algum sítio para comer na descida seguinte. Contudo, não havia nenhum restaurante ou bar onde pudéssemos repor forças, pelo que decidimos continuar até Roncesvalles e comer quando chegássemos.
Havia ainda uma última subida, que não sendo própriamente exigente, se tornou dura porque as forças me começavam a escassear; quando as reservas se esgotam, torna-se imperioso meter combustível. Assim, fizemos uma pequena pausa para comer uma banana e frutos secos que, felizmente, trazíamos connosco.
Chegámos a Roncesvalles por volta das 16.00 e deparámos logo com o movimento habitual dos peregrinos em caminho para Santiago. Ficámos na Posada de Roncesvalles, o sítio onde eu conheci estes meus amigos, há dois anos, quando iniciava o meu caminho francês de Santiago.
Comemos uns "bocadillos", dormimos a" siesta" e, ao final da tarde, fomos à missa do peregrino.
Já só faltavam duas etapas.

19 agosto 2009

10 de Junho: Echo - Isaba, 40 km




A etapa mais curta da Transpirenaica, ainda para mais com bom tempo, prometia um dia mais relaxado do que os anteriores.
Saímos de Echo por estrada e começámos logo a subir. Quando deixámos o asfalto, começaram as dificuldades, pois algumas partes eram bastante íngremes. Atingimos o primeiro cume do dia e deparou-se-nos uma descida a confirmar para pior aquilo que indicava o guia. Uma trialeira que, na sua quase totalidade, era impossível de fazer, pelo menos com as bikes carregadas e sem correr riscos. Demorou mais a descida do que a subida anterior.
Chegados a Ansó, começava nova subida, por uma estrada estreita mas muito bonita, sempre a acompanhar o curso de um rio. Após passar Zuriza e já no final da subida, entrámos em Navarra e começámos nova descida que, também a confirmar o guia, era bastante técnica. Muitos obstáculos e pedras, além da travessia constante de um rio, por vezes com muita lama, tornaram esta descida um pouco morosa. Antes da chegada a Isaba aguardava-nos mais uma trialeira, pelo que estes quarenta quilómetros acabaram por nos tomar toda a manhã. Almoçámos ao chegar e, de seguida, instalámo-nos no Hostal Lola, ficando com o resto da tarde livre.

18 agosto 2009

9 de Junho: Senegüé - Echo 73 km + 12 km




Para reparar o problema do porta-alforjas do dia anterior tivémos de ir a Sabiñanigo, onde havia uma loja de bicicletas. Eu aproveitei também para limpar e lubrificar os cabos de travão. Assim, fizémos mais doze quilómetros e quando arrancámos do ponto de partida, já era quase meio-dia.
Para começar tínhamos uma subida de respeito, ao Pueyo de Escués, a 1507 metros de altitude. A parte final desta subida é bastante dura e com muita pedra solta, que se mantém na descida. Devido à trepidação, o meu GPS soltou-se e caiu, mas felizmente ouvi o barulho e recuperei-o.
Parámos em Castiello de Jaca para comer umas "bocatas" e continuámos viagem, pois ainda nos esperavam cinco subidas, curtas mas puxadinhas. Este foi talvez o dia que mais me custou, por causa das dores que sentia na zona dos rins e este sobe e desce final, embora fosse por estrada, foi bastante penoso. Chegámos a Echo ao final da tarde e ficámos alojados no Hotel El Foratón.

8 de Junho: Sarvisé - Senegüé, 59 km



Mais uma manhã de chuva. A etapa começava por estrada, ligeiramente a descer, até Fiscal, onde parámos para nos abastecermos para a jornada, pois o guia não mencionava nenhum sítio para comer durante o trajecto.
Começámos então a subir, primeiro por estrada e depois por uma pista. Aqui deparou-se-nos aquilo que nos iria acompanhar durante todo o dia: lama e mais lama.
Atravessámos algumas povoações abandonadas, numa delas - Bergua - estava instalada uma comunidade hippie. O caminho tinha partes impossíveis de fazer em cima da bicicleta, ou por causa dos riachos que era necessário atravessar, ou então porque a lama nos obrigava a parar frequentemente.
Na povoação abandonada de Sasa encontrámos um grupo de alemães que andavam a pedalar pelos Pirinéus e estavam perdidos, pois não levavam GPS. Já tinham passado por nós quando saíamos logo de manhã e levavam carro de apoio.
No Coll de las Tres Cruces parámos para comer; não chovia mas estava um tempo cinzento e fresco. Continuámos a subir até ao Coll de Santa Orosia, a 1771 metros de altitude, onde pudemos disfrutar de umas vistas fantásticas. A descida começava por um trilho muito técnico, com pedras, buracos e muita trampa, pois vaquinhas não faltavam lá por cima.
Mas o pior estava para vir; eu nunca tinha visto tanta lama como a que apanhámos durante esta descida. Tive que fazer vários quilómetros, a descer, com a bicicleta à mão e passei o tempo a limpar as pastilhas de travão traseiras, onde se acumulava mais lama. Foi um martírio.
Para complicar as coisas o José Luis partiu o suporte do porta-alforjas. Felizmente conseguiu-se improvisar uma solução para concluir a etapa, mas a chuva e a trovoada reapareceram em grande e acompanharam-nos até final. A descida foi muito demorada, parecia que nunca mais acabava.
Quando chegámos ao Hostal Casba, em Senegüé, as bikes e restante equipamento estavam irreconhecíveis, mas pudémos lavá-las e lubrificá-las.

11 agosto 2009

7 de Junho; Escalona - Sarvisé, 56 km






A etapa-rainha da Transpirenaica: resume-se a uma subida e uma descida, atingindo os 2210 metros de altitude. Desde o início, em Escalona, até ao ponto mais alto, são mais de trinta quilómetros sempre a subir, vencendo um desnível de mil e seiscentos metros.
O dia amanheceu com o céu azul, mas foi-se progressivamente toldando ao longo do dia, embora não tenha chovido.
Os primeiros quilómetros são a subir ligeiramente por uma estrada entre montanhas a pique; é um autêntico desfiladeiro, acompanhando o curso de um rio. Antes de chegar a Nerín, a estrada torna-se mais empinada, sobretudo nos últimos quilómetros. Nesta povoação era necessário abastecer de água, pois daqui para a frente não havia rigorosamente nada, a não ser montanha. De Nerín até ao topo da Sierra de las Cutas são mil metros de desnível sem pontos de recuperação, apesar de ser uma pista de bom piso e sem dificuldade técnica. A temperatura foi descendo e quando atigimos o topo estava frio. A paisagem lá no alto é impressionante e compensa bem a dureza da subida.

Depois de várias fotografias, preparámo-nos para a descida, que consiste na continuação da pista larga e sem problemas, mas que se torna cansativa por ser longa. Parámos em Torla para almoçar e ficámos com apenas sete quilómetros a descer para o resto do dia.

Mas o que parecia simples complicou-se bastante; ao sair de Torla, entrámos num caminho extremamente técnico, junto a um rio, que nos tomou muito tempo. Os últimos dois quilómetros foram por estrada e chegámos tranquilamente a Sarvisé, onde ficámos instalados no Hostal Casa Frauca.



06 agosto 2009

6 de Junho: Pont de Suert - Escalona, 86 km



Etapa muito dura e longa, com um desnível acumulado superior a dois mil metros.
Manhã de chuva e, logo à saída de Pont de Suert, atravessa-se o rio e deixa-se a Catalunha para entrar em Aragão. Primeira subida do dia por uma pista em mau estado e enlameada. Já em pleno Pirinéu aragonês iniciámos a segunda subida, com uma parte final duríssima. Esta zona é bastante solitária e a descida fez-se por um caminho com muita lama e gravilha. A minha bike não tem travões de disco e a lama ia-se acumulando nos calços dos travões, travando as rodas e obrigando-me a pedalar, mesmo em descida. A pressão da lama foi tanta que o cabo do travão traseiro soltou-se e fiquei sem travões a meio da descida. Depois de limpar a lama e colocar o cabo no sítio, continuei a descer sem mais percalços, à excepção da lama que se ia acumulando.
Com a bike completamente coberta de lama, chegámos a Senz, onde iniciámos a terceira subida. Parámos em Viu para almoçar, numa casa de turismo rural, onde aproveitámos para lavar as bicicletas. Continuámos a subir até ao Coll de Cullibert e fomos de novo brindados com chuva e trovoada, para ajudar à dureza da subida.
Felizmente que a quarta e última rampa do dia era mais curta e mais fácil, mas a descida final, com um desnível de cerca de novecentos metros, era por uma pista com gravilha, até se apanhar a estrada que nos levou ao Hostal Revestido, em Escalona, já no final da tarde.


05 agosto 2009

5 de Junho: Molinos - Pont de Suert, 47 km




Esta primeira etapa era curta, mas nem por isso era fácil, com três picos acima dos 1500 metros de altitude.


Manhã de chuva, nada a que já não estivéssemos habituados, mas a arrefecer um bocado os ânimos. Preparámos as bikes e, mal arrancámos, a chuva intensificou-se. Meia volta e de novo para o abrigo do hotel. Esperámos cerca de um quarto-de-hora e, como a chuva não abrandava, fizémos-nos ao caminho.


Primeiros quilómetros por estrada, sempre a subir, até que a estrada acaba e entramos numa zona não ciclável que nos levou ao topo da primeira montanha do dia. A chuva havia parado e iniciámos a descida por um trilho técnico e com muitos arbustos espinhosos.


A segunda subida passava por vários povoados abandonados e após uma pequena descida havia que subir de novo, para atingir o ponto mais elevado do dia, a 1591 metros de altitude.


Chegámos a Pont de Suert às 14.00, instalámo-nos no Hostal Cotori e almoçámos. Ficámos com a tarde livre e agradecemos o facto de termos chegado cedo, porque a meio da tarde caiu uma tempestade violenta, com chuva torrencial e trovoada.


Transpirenaica - parte 2

Depois de, no ano passado, termos iniciado a travessia dos Pirinéus em BTT, este ano havia que a completar.
Esta segunda parte da Transpirenaica iria ter mais uma etapa, precisamente aquela que tínhamos anulado devido ao mau tempo, no último dia. Seriam portanto nove etapas, com a primeiro dia ainda na Catalunha e depois atravessando Aragão, Navarra e Euskadi, com a particularidade de, no último dia, ainda percorrermos o início do Caminho Norte de Santiago, entre Hondarribia e San Sebastián.
Mais uma vez fiz a viagem de carro entre Braga e Barcelona, para me juntar aos meus companheiros de aventura. Chegado a Barcelona, foi só o tempo de deixar o carro em casa do meu amigo Jacky e carregar as bikes na mesma carrinha que nos transportara no ano passado.
Desta vez tínhamos que ir até ao ponto onde havíamos terminado, para recomeçar a travessia. Chegámos a Molinos ao final da tarde e ficámos instalados no mesmo hotel do ano anterior. Tal como na primeira parte da Transpirenaica, as previsões do tempo não eram muito animadoras, mas ânimo era coisa que não nos faltava. Desta vez éramos apenas quatro, porque o Xavi não tinha podido alinhar para esta segunda parte da aventura.