19 julho 2008

22 de Maio: Llavorsi - Espui, 59 km





Ninguém imaginava o que nos esperava nesta sétima etapa da Transpirenaica, que estava previsto ser a penúltima desta primeira parte da travessia.

Saímos de Llavorsi com chuva e tempo fresco. O início era por estrada, sempre a subir e tínhamos pela frente cerca de 35 quilómetros de subida, até ao Coll de la Portella, a 2250 metros de altitude.

A chuva parou e deixámos a estrada, para continuar por terra, mas sem grandes problemas, à parte o facto de ser uma subida extensa. A partir dos 1900 metros foram aparecendo zonas com neve, a temperatura ia baixando e recomeçou a chover. As dificuldades foram-se avolumando porque a lama e a neve impediam uma progressão normal. Para complicar mais as coisas, a visibilidade era reduzida e uma tempestade abateu-se sobre nós, com trovões e chuva intensa. Tínhamos pela frente cerca de vinte quilómetros sempre acima dos dois mil metros, voltar para trás estava fora de questão, pelo que a única solução era seguir em frente e tentar sair da alta montanha a salvo. Chegámos a temer o pior, embora ninguém o tenha confessado na altura. Completamente à mercê da tempestade, com um frio intenso e encharcados, tivemos que atravessar zonas com neve pelos joelhos, com as bicicletas às costas e sujeitos a resvalar pela encosta abaixo.

Finalmente atingimos o Coll de Triador, onde tinha início a descida à Vall Fosca. Tínhamos perdido algumas das paisagens mais bonitas da Transpirenaica por falta de visibilidade, mas também tínhamos superado uma tempestade em alta montanha. Mais uma vez íamos completar uma etapa sem almoçar, apenas com água e barritas.

A descida até Espui é simplesmente impressionante. São novecentos metros de desnível, numa pista que estava totalmente enlameada, com precipícios assustadores e muito frio. Finalmente chegámos a Espui, cobertos de lama e enregelados.

Ficámos no Hotel Vall Fosca, onde fomos muito bem tratados e pudemos recuperar das agruras do dia.

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