27 setembro 2007

13 de Setembro: A Gudiña - Ourense; 90 km

Barragem de As Portas

Chegada a Ourense Em A Gudiña o caminho apresenta duas opções: a primeira continua a acompanhar a N-525, passando por Verín e Xinzo de Limia; a segunda é bastante mais interessante, embora mais difícil, passando por Laza e Xunqueira de Ambía, com uma paisagem de cortar a respiração. Foi esta segunda opção que eu segui.
Novamente uma manhã fria e desta vez sem sol. Os primeiros vinte quilómetros são feitos sempre acima dos mil metros de altitude, em plena serra, passando apenas por quatro aldeias com meia dúzia de casas. À direita do caminho, lá em baixo, vê-se a barragem de As Portas e mais adiante as montanhas de Manzaneda; à esquerda avista-se o vale por onde passa a N-525.
O caminho alterna trilhos com estreitas estradas asfaltadas, cruzando por vezes a linha de caminho de ferro.
Antes de começar a descida para Campobecerros, encontrei dois veados, que rápidamente desapareceram. Aqui, a sensação de isolamento é muito grande, pois só se avistam montanhas completamente desabitadas.
A descida não é fácil, porque o piso é de terra e xisto, com pedras afiadas, mesmo próprias para cortar um pneu. Com cuidados redobrados lá cheguei a Campobecerros, que parecia uma localidade fantasma, sem ninguém à vista.
Depois de mais duas pequenas subidas, o caminho desce bruscamente para Laza. Embora seja quase sempre em estradão, há muita pedra solta e um precipício assustador do lado direito. Um despiste dava direito a rolar algumas centenas de metros quase a pique.
A seguir vinha aquela que o guia considerava a subida mais difícil do caminho: a Albergueria. À saída de Laza segue-se por uma pequena estrada, junto ao rio Tâmega, que vai subindo suavemente até Tamicelas. Entra-se então no monte e depois são cinco quilómetros com um desnível de quinhentos metros. Na sua maioria, a subida não é ciclável e não tem árvores, à excepção de pequenos pinheiros e arbustos rasteiros. Ou seja, não há sombra e entretanto o tempo tinha aquecido. A subida foi um martírio, com os mosquitos a ajudar à festa, não me dando descanso.
Já quase no final da subida, há um carvalho enorme, à sombra do qual eu parei para recuperar forças. Escusado será dizer que tive que gerir devidamente a água, para durar até ao topo do monte.
Na pequena aldeia de Albergueria há um bar, que infelizmente estava fechado. Estava lá um peregrino australiano, com quem parei a falar um bocado. Tinha tirado umas férias de dois anos e meio, andava a vaguear pela Europa e falava um bocadinho de português, por já ter estado no Brasil.
Segui o meu caminho, iniciando a descida para Xunqueira de Ambía, parando em Vilar do Barrio para repor água. Passei por uns peregrinos franceses, com quem estive uns momentos a falar sobre o caminho. Depois de uma zona plana, segue-se uma parte com contínuas subidas e descidas por um trilho difícil em que a progressão se torna muito lenta.
Almocei muito bem em Xunqueira e continuei o caminho em direcção a Ourense. Esta parte é pouco interessante, sendo quase sempre a descer e por estrada.
Cheguei a Ourense por volta das 17.00. Nesse dia não estava com grande vontade de ficar em albergues, por isso procurei um hostal barato, onde pudesse passar uma noite mais sossegada, sem ouvir ninguém a ressonar.
Dei uma pequena volta pelo centro da cidade, jantei e fui dormir.

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