Igreja de Santa Marta de Tera.
Igreja de Mombuey.
Mas encontrei tudo fechado e tive que seguir caminho. Nesta localidade, a Via da Prata bifurca-se, sendo aqui que começa verdadeiramente o Caminho Sanabrés. A paisagem vai começando a mudar, já se notam algumas colinas e mais vegetação; só a sinalização do caminho é que continua a apresentar algumas lacunas. O piso é bastante duro, com muita pedra solta.
Atravessei o rio Esla e segui por estrada em direcção a Faramontanos de Tábara, onde reabasteci de água. Continuei por estrada até Tábara, onde finalmente encontrei um café para tomar o pequeno-almoço; foram 32 quilómetros em jejum.
A partir de Tábara, o caminho muda um pouco: além de já se avistarem as montanhas de Sanábria, surgem as primeiras subidas e o caminho atravessa uma zona despovoada, tornando-se bastante solitário. Foi nesta zona que uma raposa atravessou o caminho mesmo diante de mim. Apesar de algum receio pelo isolamento, gostei bastante deste percurso.
Pouco antes de Santa Croya de Tera, encontrei dois ciclistas que também faziam o caminho; eram de Bilbao e tinham começado em Sevilha. Parei em Santa Marta de Tera, para visitar a igreja românica onde está a estátua de Santiago peregrino.
Daqui para a frente, o caminho segue o curso do rio Tera, tornando-se bastante mais agradável, com zonas de choupos e consequentemente com sombra. Encontrei uma tartaruga em pleno caminho, conforme podem ver na fotografia anexa.
Parei para almoçar em Olleros de Tera, no único café que encontrei. No final do almoço estava bastante calor e parei um pouco a descansar.
Segui por estrada até Rionegro del Puente, onde retomei o caminho. Faltavam apenas dez quilómetros para o fim da etapa, embora fossem em subida. No entanto, a subida era constante mas suave; pior era o mau estado do piso, com vegetação densa a tapar os muitos buracos do caminho.
Cheguei a Mombuey por volta das 17.00 e procurei o albergue. Tinha lido no meu guia que era um simples refúgio com poucas comodidades, pelo que, quando me deram as chaves e me indicaram o local, fiquei um bocado apreensivo.
Era uma pequena casa em pedra, de um só piso, com telhado de madeira. Dispunha de uma divisão com alguns colchões e uma casa de banho, ou seja, o básico. Ainda hesitei entre ficar ali ou procurar alojamento noutro lugar, mas o espírito de peregrino fez-me ficar, e ainda bem.
Como não havia mais ninguém e ainda era cedo, instalei-me sem pressas, tomei banho e saí para beber umas cervejas e fazer tempo para o jantar. Estava numa esplanada junto à estrada, quando aparecerem os dois ciclistas de Bilbao; afinal ia ter companhia, além das aranhas. Fui levá-los ao albergue e voltei para o café. Passado algum tempo, encontrei-os junto ao supermercado do pueblo e combinámos jantar no albergue, pelo que fui fazer umas compras: pão, queijo e cerveja para o jantar; sumos, fruta e bolos para o pequeno-almoço do dia seguinte.
Comemos no albergue, conversámos até a cerveja acabar e fomos dormir. Até me consegui esquecer das muitas teias de aranha que cobriam o tecto e as paredes. No terceiro dia começavam as montanhas a sério.
Sem comentários:
Enviar um comentário