15 junho 2007

Dia 0 - 31 Maio

O dia tão esperado tinha finalmente chegado. O comboio partia de Vigo às 07.35, em Portugal era uma hora a menos, pelo que houve que madrugar. O meu irmão João Pedro veio-me buscar a casa às 05.15 e seguimos para Vigo.
O dia estava de chuva, tal como os anteriores. Passada uma hora, estávamos na estação de Vigo, quase deserta àquela hora. Como a viagem ia ser longa, comprei uma revista para entreter, despedi-me do meu irmão e entrei na carruagem, de onde só iria sair passadas quase 10 horas.
A viagem foi aborrecida, como é evidente. O tempo custava a passar e apesar de ter dormido pouco nessa noite, não tinha sono nenhum. Nem sono nem fome, de maneira que nem almocei. A paisagem ia passando e eu ia-me vendo aquilo que teria de atravessar em sentido inverso nos dias seguintes.
Reconheço que ia apreensivo, mas desejoso de começar. Além disso, esperava que a bicicleta tivesse chegado em boas condições.
Às 17.15 cheguei a Pamplona. Ainda na estação comi um bocadillo e saí. Sabia que havia um autocarro para Roncesvalles às 18.00, mas fui perguntar a um taxista quanto ficava a viagem em táxi. Respondeu-me que seriam € 55,00, pelo que lhe pedi que me levasse à estação das camionetas.
Faltavam 10 minutos para as seis, comprei o bilhete (€ 4,50) e esperei pela chegada da camioneta, junto com muitos peregrinos que estavam lá pela mesma razão. Posso dizer que aqui tive o primeiro contacto com o ambiente do caminho.
A viagem demorou cerca de hora e meia, o tempo continuava instável, com aguaceiros a alternar com o sol.
Mal cheguei a Roncesvalles, fui pousar as minhas coisas à Pousada e perguntar pela bicicleta. Tinha chegado, felizmente, mas só a iria preparar mais tarde, porque antes tinha muito que fazer.
Pedi para me reservarem um menu do pregrino (€ 8,00) e foi-me dito que seria servido às 20.30 em ponto.
Fui à Colegiata para pedir a credencial onde iria pôr os carimbos ao longo do percurso. A Colegiata tinha fechado há pouco, mas informaram-me que poderia obter a credencial no albergue de peregrinos. Fui atendido por duas senhoras que não falavam espanhol e paguei um euro.
De seguida fui à missa do peregrino, que começava às 20.00. Esta missa é obrigatória e é muito bonita: foi celebrada por quatro padres e no final procederam à bênção dos peregrinos presentes.
Como a missa acabou cinco minutos depois das 20.30, dirigi-me de imediato para a pousada, curioso com a necessidade de ser pontual para o jantar.
Quando entrei no restaurante, encaminharam-me para uma mesa e só aí percebi o porquê de o jantar ser às 20.30 em ponto. Numa mesa redonda encontravam-se já algumas pessoas a que me juntei. No total seríamos cerca de doze pessoas e o jantar foi servido em conjunto: sopa de feijão vermelho, truta com batatas fritas, pão e vinho; de sobremesa um iogurte. Soube-me muito bem, a fome tinha-se acumulado. Conversámos sobre o assunto que nos reunía a todos naquele lugar, quase todos eram espanhóis e, no final, a maioria recolheu aos seus quartos.
Eu ainda tinha trabalho a fazer. Fui buscar a bicicleta, que estava guardada num anexo e desempacotei-a. Já era noite, estava bastante frio e tive que a montar no exterior. Estava a correr tudo bem, até que um dos pedais resolveu não colaborar; não o conseguia apertar. Comecei a desesperar perante a perspectiva de ter que ir para Pamplona de camioneta, no dia seguinte, procurar uma loja de bicicletas.
Felizmente apareceram dois italianos, que também eram ciclistas, um deles teve mais jeito do que eu e o pedal lá ficou no sítio.
Subi para o meu quarto, cheio de frio, tomei um banho bem quente e toca a dormir, que no dia seguinte começava a aventura a sério.

2 comentários:

Luis Filipe Antunes disse...

...eis que se inicia a aventura...a melhor parte é a do João ter de se pôr a pé de madrugada...

Unknown disse...

Ola amigo. Vou fazer o caminho nos próximos dias e tenho uma dúvida.
Você foi de Pamplona para Roncesvales de ônibus ou autocarro? Pegou diretamente no terminal de ônibus de Pamplona?
Eu também vou levar a bicicleta e pergunto se é possível levar a bicicleta no ônibus ou autocarro?
Qual foi o custo desse transbordo?