28 junho 2007

7 de Junho; Villafranca del Bierzo - Portomarín; 91 km

O Cebreiro
Km 100: já faltava pouco.
Portomarín e o rio Miño.

Esta era a etapa-rainha do Caminho Francês de Santiago. A subida ao Cebreiro é a mais temida e tem algo de místico para todos os que fazem o caminho, além de ser a porta de entrada na Galiza.
Saímos de Villafranca com 8 graus, mas com céu azul. Os primeiros vinte quilómetros são quase planos. O caminho segue entalado entre montanhas junto ao rio Valcarce, além de acompanhar e cruzar várias vezes a nacional 6 e a auto-estrada. Apesar de estar sol, toda essa parte era sombria e fria.
A partir de Herrerías começava a parte a doer. Cruza-se mais uma vez o rio e entra-se numa estrada secundária, em asfalto. Há indicações para os ciclistas seguirem pela estrada, enquanto os peregrinos a pé podem ir pelo caminho. A subida é tremenda; até ao Cebreiro são quase dez quilómetros, mas sem zonas de recuperação. Apenas ao atravessar Laguna de Castilla - o último pueblo da província de León - se consegue recuperar um bocado. Demorámos três horas para fazer os 28 km de Villafranca ao Cebreiro.
A minha tendinite tinha-se agravado bastante e o joelho doía-me imenso; foi com muito sacrifício que fiz esta subida, mas nem imaginava o que vinha a seguir. O Cebreiro está a 1300 metros de altitude e a seguir não se desce, bem pelo contrário. Ou melhor, desce-se um pouco para logo voltar a subir. Há mais duas subidas, com bastante gravilha, a última culmina no alto do Poio, a 1313 metros, onde começa a descida para Triacastela. Parámos para beber a primeira cerveja na Galiza e iniciámos a descida. Tinham-nos aconselhado a descer pela estrada, por ser mais seguro para os ciclistas, mas após os primeiros quilómetros metemos pelo caminho e não nos arrependemos. A descida era belíssima, embora tivesse partes onde o bom senso aconselhava a não abusar, além do cuidado a ter com os peregrinos que vão a caminhar. A parte final, através de bosques, é muito bonita.
Parámos em Triacastela para almoçar e repor forças para a tarde, pois as dificuldades ainda não tinham acabado. A tarde estava quente e levámos logo com a subida de San Xil, para ajudar à digestão. Depois havia uma longa descida até Sarria, onde parámos para mais uma cerveja e para eu ir à farmácia comprar um anti-inflamatório.
O caminho continua numa sucessão de subidas e descidas típicas dos caminhos galegos e passámos o km 100, que nos dá um alento extra para o que ainda falta.
A entrada em Portomarín faz-se cruzando a ponte sobre o rio Miño. Arranjámos alojamento num hostal junto à catedral e jantámos numa esplanada vizinha. Jantámos em conjunto com os quatro ciclistas de Huesca e os dois catalães e o jantar prolongou-se até tarde, pois a sensação de estar perto de Santiago já nos dava vontade de festejar antecipadamente. O jantar constou de diversas tapas acompanhadas por Albariño (sim, Albariño galego, que também é muito bom).
Mas a dureza do dia justificava que se comemorasse devidamente.

1 comentário:

Luis Filipe Antunes disse...

...pois...o albariño devia ter vindo mais cedo...