17 outubro 2010

16 de Setembro: Sevilla - Monesterio, 102 km

Depois das atribulações para recuperar a minha bike, lá arrancámos para a Via da Prata. Tinha chovido durante a noite e o tempo estava agradável para pedalar. Os primeiros 25 quilómetros desta etapa são planos e a única surpresa foi termos passado por extensos campos de algodão, coisa que eu nunca imaginei que houvesse na Península Ibérica. Comecei a constatar aquilo que já supunha, que é a quase inexistência de pontos de água durante o percurso, o que nos obrigava a reabastecer nas localidades que íamos atravessando.
Durante a manhã tivemos duas subidas curtas mas difíceis e parámos para almoçar em Almadén de la Plata. O tempo tinha aquecido e nada fazia prever o que nos esperava nos últimos quilómetros. O céu foi-se cobrindo de nuvens escuras e, na subida para Monesterio, começou a chover e a trovejar, acompanhado dum vento muito forte. O meu azar foi que, durante o dia, tinha perdido o meu impermeável pelo caminho, devia estar mal preso e caiu sem que eu reparasse. Perante a tempestade crescente, optámos por concluir a etapa por estrada, mas o vento de frente impedia a progressão. Eu seguia na frente com o José Luis e acabámos por perder de vista os outros dois. A chuva engrossou e abrigámo-nos debaixo duma árvore na berma da estrada. Eu já estava completamente molhado e o corpo começou a arrefecer. Estivemos parados cerca de vinte minutos, até que a chuva abrandou e retomámos o andamento. Só então demos conta que estávamos apenas a três quilómetros do final da etapa, onde eu cheguei encharcado e com a moral em baixo, já quase de noite.



 Sevilha
 Água no caminho: algo muito raro no sul de Espanha.
Castelo em ruínas.


Sem comentários: