17 setembro 2009

13 de Junho: Etxalar - San Sebastián, 64 km






Esta era a última etapa da Transpirenaica e, apesar de ser aparentemente fácil, acabou por custar muito mais do que parecia. O ponto mais alto da etapa não ultrapassava os 450 metros de altitude, o que parecia simples para quem já tinha passado acima dos dois mil metros, mas as subidas eram duríssimas e o caminho nem sempre ciclável.
De facto esta etapa parece talhada para os que gostam de free-ride ou down-hill, pois fazer certas descidas com bikes como as nossas e ainda por cima carregadas não é assim tão simples.
Havia zonas intransitáveis e em que só o GPS evitou que nos perdêssemos. Houve uma descida em que carregámos as bikes o tempo todo e mesmo a pé era complicada de se fazer.
Depois de uma manhã a saltitar entre Espanha e França lá chegámos a Hondarribia, onde a Transpirenaica tem o seu ponto final. Só que nós ainda tínhamos caminho até Donostia/San Sebastián, que era onde as nossas mulheres nos esperavam e onde seria a festa de despedida. Assim, comemos um "bocadillo" rápido e seguimos pelo Caminho Norte de Santiago, que começa precisamente em Irún, na fonteira com a França. Depois de mais uma subida e consequente descida, e já com a meta a poucos quilómetros, atravessámos o rio num barco que faz essa travessia e desembarcámos em San Sebastián. Percorremos a última parte da etapa já dentro da cidade até chegar à praia, onde os quase mil quilómetros desta fabulosa travessia tiveram o seu final.

12 de Junho: Roncesvalles - Etxalar, 73 km



Saímos de Roncesvalles, deixando para trás os peregrinos de Santiago, numa manhã com sol e calor. Depois de uma curta subida ao Coll Lindux, junto à fronterta francesa, atingimos o último ponto acima dos mil metros da Transpirenaica. Embora curta, esta subida tinha algumas rampas em cimento muito duras.
Seguia-se uma longa descida por uma estrada de gravilha, em que não se podia abusar da velocidade, porque sair da estrada implicava uma queda pela ribanceira.
A subida ao collado de Elorrieta foi bastante custosa, porque além do calor havia rampas com muita inclinação. No final desta subida, numa zona descampada, esperava-nos uma surpresa. Toda esta etapa decorre em zona fronteiriça do País Basco, onde a ETA ainda tem muita força. Em plena montanha deparámo-nos com dois helicópteros, um da Guardia Civil espanhola e o outro da Gendarmerie francesa, além de cerca de vinte elementos de ambas as corporações. Perguntaram-nos o que fazíamos por ali, revistaram todas as nossas alforjas e mochilas, inspeccionaram os aparelhos de GPS e, depois de se informarem para onde nos dirigíamos, deixaram-nos prosseguir caminho. Tudo com eficiência e correcção, note-se.
A descida que se seguiu tinha algumas zonas de trialeira e, já no asfalto perto de Erratzu, tive o meu primeiro e único furo, no pneu da frente.
Parámos para comer num "asador" antes da subida final. Apesar de já ser tarde e não estar ninguém no restaurante, fomos atendidos como príncipes. Comemos um "chuletón" bem regado e ainda nos deixaram fazer a sesta na esplanada.
Ainda com muito calor atacámos a subida a Bagordi. Fazia-se por estrada e era bastante dura. A parte final, já no monte, tinha zonas absolutamente impraticáveis, com o mato muito fechado e rampas exigentes. A descida seguinte também tinha trialeiras e demorou bastante até chegar à estrada que nos levou ao Hotel Etxalar.